Precificação de Valor para Marcas Autorais: como podem (e devem) cobrar mais caro
- Ariane Scheffer
- 15 de jul.
- 3 min de leitura
Muitas donas de marcas autorais se encontram em um dilema silencioso: apesar da qualidade inquestionável, da criatividade e das horas dedicadas a cada peça, a sensação é de que o preço final nunca reflete de verdade todo esse valor.
A consequência é uma lucratividade apertada e a constante pressão para "vender mais" para fazer as contas fecharem.
Se essa sensação é familiar, o problema pode não estar no seu produto, mas na lógica por trás do seu preço.
A Armadilha Comum na Precificação: precificação por Custo
O método mais intuitivo parece lógico: some o custo da matéria-prima, adicione uma porcentagem que cubra seu tempo e despesas, e chegue ao preço final. Simples, certo?
Não.
O problema é que esse modelo, conhecido como "preço de custo mais margem" (cost-plus), te coloca em uma briga de foice com produtos industrializados e genéricos. Ele ancora o valor da sua peça em algo tangível e facilmente comparável – o material. Mas o cliente de uma marca autoral não compra matéria-prima. Ele compra outra coisa.
O que é, na prática, a Precificação de Valor?
Precificação de Valor inverte completamente essa lógica. O ponto de partida não é o seu custo, mas sim uma pergunta fundamental: "Qual o valor que esta peça única, com sua história e design, gera para o meu cliente ideal?"
O valor de um produto autoral não está no quilo da argila ou no metro do tecido. Ele reside no intangível: na história, na exclusividade, na identidade que ele confere a quem o possui. O preço, portanto, não é um cálculo matemático, mas uma declaração de posicionamento.
Os 3 Pilares que sustentam um "Preço" de Valor
Para cobrar um preço que reflita seu verdadeiro valor, é preciso construir e comunicar ativamente os pilares que o sustentam. O preço é apenas a consequência de uma percepção bem construída.
A Narrativa da Marca: A história por trás da sua criação é um ativo. Por que você começou? Qual a inspiração por trás de cada coleção? Qual técnica exclusiva você utiliza? Clientes não compram apenas um objeto; eles compram um fragmento da sua jornada e da sua visão de mundo. Comunicar essa história transforma um produto em um artefato.
A Experiência do Cliente: O valor é percebido em todos os pontos de contato. Desde a embalagem cuidadosa (o "unboxing"), o aroma que acompanha o pacote, até a forma pessoal e atenciosa como o atendimento é feito. Uma experiência de compra memorável justifica um preço premium, pois ela vai muito além da transação comercial.
A Prova Social e a Exclusividade: O valor de uma peça aumenta quando outras pessoas de bom gosto também a desejam. Depoimentos de clientes satisfeitos, fotos das suas peças em projetos de profissionais renomados, ou a criação de edições limitadas e numeradas são ferramentas poderosas que geram um senso de urgência e exclusividade, elevando a percepção de valor.
Conectando o Preço à Estratégia de Marketing
É aqui que a estratégia de marketing entra como protagonista. O trabalho de uma boa publicidade e de uma comunicação eficaz não é apenas gritar "compre". É comunicar incansavelmente esses três pilares que fundarão a precificação de valor para marcas autorais.
Quando sua comunicação reforça sua história, quando seus canais de venda proporcionam uma experiência impecável e quando sua marca é validada por outros, o preço deixa de ser um obstáculo. Ele se torna a confirmação natural da exclusividade e do valor que está sendo adquirido.
Deixar de precificar por custo e passar a precificar por valor é uma das decisões mais libertadoras para uma marca autoral. É a decisão de parar de competir e começar a ser desejada.




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